Exposições

Mãe Preta
Curadoria de Marco Antonio Teobaldo
Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos
Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea
Rio de Janeiro
2016

Vistas da exposição Mãe Preta na Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, imagens do Memorial Pretos Novos e imagens da biblioteca de pesquisa do instituto.
Fotos: André Ostetto Motta, Hans Georg, e Patricia Gouvêa

Sobre a exposição

A exposição na Galeria de Arte Contemporânea Pretos Novos em 2016 foi concebida especialmente para o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), onde está localizado o sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, no qual milhares de africanos e africanas escravizados que morreram após a travessia transatlântica foram enterrados à flor da terra, na primeira metade do século XIX. O IPN abriga um memorial, uma sala de estudos, uma biblioteca de pesquisa e uma galeria de arte, a Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea.

A exposição apresenta uma releitura da iconografia relacionada às mães pretas na época colonial, como eram conhecidas as amas-de-leite escravizadas que amamentavam os filhos dos seus senhores, dentro de uma linguagem contemporânea. O ponto de partida são representações de relações maternas no vasto acervo de imagens da escravidão feitas por Jean-Baptiste Debret, Johann Moritz Rugendas, Joaquim Cândido Guillobel entre outros, e fotografias do acervo do Instituto Moreira Salles. Por meio de intervenções nessas imagens com objetos óticos, como lupas e vidros, na série Modos de Olhar foram destacadas a duplicidade e complexidade das relações das amas-de-leite com as crianças brancas aos seus cuidados e com seus próprios filhos. 

A obra central da exposição é a video-instalação “Modos de Fala e Escuta”, que faz a ponte da parte histórica para as vozes de mulheres e mães negras na contemporaneidade. Nele, sete mães negras concedem depoimentos sobre maternidade, memória, ancestralidade, invisibilidade e lutas cotidianas. 

A exposição estende-se para além do espaço expositivo e cria uma ponte conceitual e literária sob forma de melhorias na biblioteca do instituto. Dentro da coleção de livros para pesquisa, foi criada uma nova seção de leitura feminista que reune títulos de autoras negras e obras sobre protagonismo das mulheres negras. As paredes da biblioteca receberam retratos de heroínas negras desde Anastácia, Tereza de Benguela e Nzinga de Angola à feminista afro-brasileiras Lélia Gonzalez, entre outras, que representam as conquistas sociais, luta e resistência da mulher negra no Brasil e assim fazem parte da história do país. 

Abertura

Performance de Jessica Castro e Glauce Pimenta Rosa.
23/07/2016

Glauce entoa o canto de Eleguá na abertura. Jessica complementa com sua dança e cantos de Jongo, e as duas dançarinas giram juntas. Glauce recita o poema de Conceição Evaristo "Vozes-Mulheres" e conta histórias sobre as bonecas Abayomi, que eram feitas pelas mães escravizadas com pedaços de suas saias e dadas aos seus filhos como recordação de sua existência. Jessica e Glauce oram pelas mães e filhos que jazem no campo santo do Cemitério Pretos Novos. 

Fotos: André Ostetto Motta

Vernissage

Galeria Pretos Novos de Arte Contemporâne
23/07/2016

Bate-Papo

Bate-papo com as artistas, Glauce Pimenta Rosa, Jessica Castro e Gabriela Azevedo
30/07/2016

Imagens de Marian Starosta

Neste bate-papo com as artistas, as convidadas foram as participantes do video "Modos de Fala e Escuta" a dançarina Jessica Castro, a multiartista negra Glauce Pimenta Rosa e a trancista Gabriela Azevedo. A apresentação foi feita pelo produtor Carlos Chapéu.
Durante duas horas, as mães negras compartilharam a sua experiência em ter participado do filme com relatos pessoais, cantos, recitação de poesias e orações. O público contribuiu vivamente para a conversa com depoimentos pessoais, manifestos, perguntas e reflexões. 

Sobre o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos

O Cemitério dos Pretos Novos foi descoberto em janeiro de 1996, por ocasião de uma obra doméstica no imóvel situado à Rua Pedro Ernesto, 36, no bairro da Gamboa, Zona Portuária da Cidade do Rio de Janeiro. Nesta antiga necrópole – que hoje se estabelece como sítio arqueológico e histórico - estão depositados os restos mortais de milhares de africanos recém chegados, trazidos à força para o Brasil. Uma parte considerável morriam no período de quarentena, outros tantos, durante o brutal processo de exploração do trabalho escravo no meio urbano e rural.

O Memorial Pretos Novos, a Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea e a Biblioteca Pretos Novos são o resultado do trabalho realizado desde a descoberta do sítio arqueológico, para a preservação da memória relacionada ao período da escravidão legal, com seus desdobramentos nos dias atuais. Com o apoio de nossos voluntários, instituições de ensino, direitos humanos e cultura, a população do Rio de Janeiro e seus visitantes tem acesso às informações que conseguimos coletar em nossas pesquisas (histórica e arqueológica). Com isso, queremos propor reflexões e estimular projetos educativos e culturais, que colaborem no processo de resignificação deste local e reverenciem os milhares de Pretos Novos que foram depositados neste solo.

Rio de Janeiro, 14 de dezembro de 2011

Ana Maria de La Merced G. G. G. dos Anjos
Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos - IPN

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Ficha técnica

Vídeo instalação “Modos de fala e de escuta”| Videoinstallation “ Ways of Speaking and Listening”
Em colaboração com | In colaboration with: Mats Hjelm

Participantes | Participants:  Carla Gomes, Cristiana Rosendo da Silva, Gabriela Azevedo, Glauce Pimenta Rosa, Jessica Castro, Michelly Ferreira Alves, Nidia Mara Santos

Edição de vídeo | Video Editing: Mats Hjelm
Assistência de estúdio | Studio assistance: Gabriel Villar
Edição de som | Sound editing: Marcus Nabuco

Agradecimentos | Thanks to: Merced e Petrucio Guimarães, Glauce Pimenta Rosa, Sergio Burghi e Virginia Maria Albertini, Milton Guran, Maria José Antunes, Maria Joana Avelino de Mendonça Gomes, Ana Hupe, Leno Veras, Yvonne Bezerra de Mello, Nelson e Marylene Gouvêa, Laercio Redondo e Birger Lipinski, Ana Luisa Dias Leite, Bianca Coutinho Dias, César Duarte, Jarid Arraes, Sandra Koutsoukos, Fernanda Chemale, Irene Santos, Marian Starosta, Otávio Nazareth, Aline Motta, Marcelo Abdo Centeio, Thiago Van Tyler, Margo Margot, Coletivo Saaanta Mãe, Grupo Brasileiras Feministas no Exterior, Kerstin Gezelius, Cecilia Edefalk, Anderson Silva, André Luiz Xavier Costa, Ifá Ni L’Órun, Casa de Padre Pio, Iyá Josélia, Alberto Silva.

Webdesign: Isabel Löfgren
Crédito de imagens | Photos: André Ostetto Motta, Isabel Löfgren, Marian Starosta, Mats Hjelm e Patrícia Gouvêa

Parceria | Partners:
Ateliê da Imagem Espaço Cultural
IASPIS | The Swedish Art Grants Committee
Editora Olhares
FotoRio
Instituto Moreira Salles
Le Cadre Molduras
Pallas Editora
Quimera Empreendimentos Culturais

Realização | Executed by: Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos

Patrocínio | Sponsor: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura